Terra

Seja bem vindo ao segundo volume da Série Águas.

Um novo lar, um novo mundo.

Da noite para o dia, Pam se vê completamente envolvida em uma nova cultura, sendo aclamada como a nova Rainha de Águas. Uma Rainha forte e poderosa, adorada e venerada por um povo mítico.
Patrick revela a cada dia, a profundidade de todo seu amor e novos segredos são revelados. Pamela passa a conhecer realmente com quem se uniu. Um Ser forte, possessivo e que a ama mais que a própria vida, mas que também esconde segredos.

Nem tudo é perfeito nesse novo mundo.

Da mesma forma que a chegada de Pam trará a Águas beleza e prosperidade, ameaças rondarão a Rainha e aquele mundo. A filha da terra, a prometida e esperada, precisará de proteção, e somente com a ajuda de um exército de protetores, Patrick poderá salvá-la.


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Pam
 NOVO LAR

J
á havia se passado mais de uma semana da nossa chegada em Águas e eu me esforçava para me inteirar de tudo, me ambientar também. Prestava atenção em cada coisa que eu via e ouvia. Lia os livros que contavam a história daquele povo, do meu povo, para tentar entender melhor onde eu vivia. Desapontar Patrick e a sua família era a última coisa que eu queria.
Mesmo depois de todas as juras de Patrick, parte de mim ainda temia a dor da perda que não tinha acontecido. Eu o amava mais que tudo e pensar em perdê-lo sempre me fazia sofrer demais. Tinha medo cada vez que saíamos de casa para o almoço na casa do Camiro, imaginava  que eu poderia encontrá-la ao virar uma esquina ou ao abrir uma das janelas de casa. Achava que ela estava me observando, me criticando pelas costas, me julgando, incitando os outros a nos comparar, a mostrar como ela era melhor do que eu, a humana frágil que não sabia se controlar.
O episódio do meu segundo dia em Águas foi o comentário da manhã do terceiro dia. O celular de Patrick não parava de tocar, até que ele atendeu. A família dele queria notícias, queriam saber o que tinha acontecido comigo no primeiro almoço na casa do Camiro. Ele pensava que eu estava dormindo, e eu também não tinha certeza se aquilo era um sonho.
– Ela ouviu alguém comentar sobre uma prometida, Acalântis. – Patrick disse ao celular. – Não sei quem foi e ela provavelmente também não sabe... Foi sim, muito difícil... Não sei se é uma boa ideia, Acalântis... Eu sei, mãe. Mas... Tudo bem, mas me dê um tempo com ela primeiro... Mas, mãe. Tudo bem, espero vocês.
Eu não sabia exatamente o que ele tinha falado com Acalântis, nem sabia se tudo aquilo era real, a minha mente estava muito confusa ainda. A única coisa certa era que eu teria que enfrentar a família dele em pouco tempo.
– Bom dia, minha Sereia. – Patrick disse ao beijar o meu ombro.
– Bom dia. – Murmurei. – Vamos receber visitas?
– Minha mãe está aflita querendo muito conversar com você, meu amor. – Ele disse e me virou para ele. – Mas só se você quiser.
– Que horas eles chegam? – Perguntei com medo e vergonha.
– Não precisa se envergonhar de nada, meu amor. – Ele sussurrou e me abraçou, reagindo aos meus pensamentos.
– Foi uma cena deplorável. – Disse e escondi meu rosto.
– Você me ama? – Patrick sussurrou a pergunta e eu assenti. – Então nada mais me importa, Pam. Estaremos juntos.
Do mesmo jeito que o que aconteceu no dia anterior firmou mais em nós o nosso amor, deixou claro o meu ponto fraco. Patrick fazia de tudo para que eu me sentisse tranquila, mas foi quase impossível. Assim que descemos busquei no pomar umas frutas para nosso café, enquanto Patrick nos fazia um suco, mas tomamos nosso café quase em silêncio. Ele não me forçava a nada, apenas me olhava. Eu não conseguia tirar da minha mente a vergonha que o fiz passar perante toda a ilha, mas principalmente com a sua família. Ele não se cansava de me pedir para esquecer.
– Vou fazer as que falaram essas calúnias... Essas coisas que te entristeceram daquela forma, se retratem com você, minha menina. – Acalântis me disse assim que Patrick permitiu que parte da família dele entrasse em nossa casa. Só vieram os pais dele e Camiro.
– Por favor. Não quero saber quem foi. Não sei quem foi. – Pedi abraçada ao Patrick, sentada em um dos sofás da sala.
– Minha mãe... – Patrick pediu. – Vamos tentar esquecer isso.
– Não posso aceitar que ela tenha sofrido tanto e ainda esteja sofrendo dessa maneira, meu menino. – Acalântis insistiu. – Ela é a sua Rainha e de todos nós. Não merece esse sofrimento.
– Justo no nosso primeiro almoço juntos. – Camiro se lamentou.
– Me desculpem. – Disse sofrendo mais pela vergonha que os fiz passar.
– Você não fez ninguém passar vergonha, Pam. – Patrick disse segurando meu o rosto entre suas mãos.
– Como não? – Disse olhando para ele. – Foi ridículo, eu devia ter me controlado. Que droga de Rainha eu sou?! Que porcaria de esposa eu sou?!
Corri para o meu quarto ouvindo Patrick me chamando às minhas costas. Eu estava com muita vergonha pelo que tinha acontecido. Ele veio atrás de mim e eu podia ouvi-lo longe no corredor enquanto eu ficava na varanda do meu quarto olhando o mar, sofrendo de novo, tentando me controlar para não enlouquecer novamente.
– Deixe que eu fale com ela, Piaso. – Ouvi Acalântis pedir.
– Ela está sofrendo demais, mãe. Não queria isso. Era para ela estar feliz aqui. – Ele disse do lado de fora do quarto. Patrick também estava sofrendo com aquilo.
– Tenha paciência com ela. Desça, fique com seu pai e seu avô. – Acalântis pediu.
– Cuide dela para mim. Faça-a entender como eu a amo. – Patrick pediu aflito.
Eu sentia muita saudade da minha mãe e das minhas amigas naquela hora, queria um colo para chorar e me consolar, alguém para me dizer que tudo ia acabar bem, que foi apenas um pesadelo. Queria o sorriso de acalento da minha mãe e o sorriso da Dani que sempre levantava meu astral.
– Posso me juntar a você, minha menina? – Acalântis me perguntou ao se aproximar.
– Claro. – Disse. – A casa é sua.
– Não, não é. É sua. – Ela me disse e acariciou meus cabelos. – Piaso sonhou muito com o dia em que você finalmente entrasse por essas portas.
– Ele me disse.
– Eu queria pedir desculpa. Eu sou a culpada de tudo isso. – Acalântis me disse depois de alguns segundos. Olhei confusa para ela. – Quando eu descobri que estava carregando Piaso comecei a planejar seu futuro. Tudo o que eu queria era que tudo de melhor acontecesse em sua vida.
– Toda mãe quer isso. – Eu disse.
– Eu sempre tive muitas amigas e uma delas também tinha engravidado pouco tempo depois que eu. Começamos a imaginar como seria perfeito se nossos bebês crescessem e formassem um casal. Coisa de mãe, você vai entender um dia. Imaginávamos que se eles se amassem seriam os novos Reis de Águas. Os astros haviam acabado de indicar que Piaso seria o novo Rei e que ele seria muito feliz. – Ela foi me contando. – Quando a notícia se espalhou muitas se aproximaram de mim querendo que os astros indicassem se a filha de uma delas seria a nova Rainha. Essa, até então minha amiga, começou a comentar que Piaso era prometido da filha dela, mas em momento nenhum os astros indicaram nada.
– Mas...
– As coisas foram acontecendo, minha menina. – Acalântis me cortou se lamentando, provavelmente imaginando que eu iria argumentar. – A menina foi crescendo achando que realmente aquilo era verdade, mas ele nunca se interessou por ela realmente. Eu mesma tive uma conversa com ela, tentei explicar que era tudo um engano, que não havia confirmação.
– Mas ela acha que tem direito sobre ele. – Disse sofrendo.
– Eles cresceram juntos, eram amigos. – Acalântis disse e aquilo me fez sofrer mais.
“– Eu amo somente a você, minha Rainha. Você é única que eu amei.”. A voz de Patrick invadiu a minha mente.
– Eles namoraram? – Perguntei e as lágrimas escorriam no meu rosto. – Ele algum dia tentou amá-la? Ele algum dia a amou? Ela o amava? Ela me odeia?
– Minha menina...
– Eu tomei o lugar dela. Isso aqui não devia me pertencer, eu nem devia estar aqui. – Sofri mais quando vi que começou a chover, aquele clima sempre me abalava. – Eu o amo demais, mas não porque ele vai ser ou já é o novo Rei de Águas, ou por que ele é neto de um Ancião. Eu amo aquele homem que eu vi pela primeira vez no mar há pouco mais de um mês e que disse suavemente que me amava. Mas não quero ser responsável pelo sofrimento de ninguém, principalmente o dele. Não quero que ele fique ao meu lado por causa de algo que os astros tenham dito ou por causa de uma estrela no meu peito. Quero que ele me ame pelo que eu sou.
– E esse é o único motivo por eu te amar, Pam. – Patrick me disse. Não tinha visto ele se aproximar.
– Você amou aquela menina por causa de uma estrela que surgiu em seu peito, você nem me conhecia. Se tivesse surgido no peito de qualquer outra e eu passasse na sua frente, você não me notaria. – Disse sofrendo a verdade que eu sentia.
“– Não diga isso, minha vida.”. Patrick pensava para mim. Ele estava sofrendo.
Eu estava sofrendo muito, mas tentava me controlar, não queria fazer outra cena, decepcioná-lo e envergonhá-lo mais. Estava cada vez mais difícil. A dor no meu peito estava voltando.
– Se a estrela não tivesse surgido no meu peito naquele dia talvez você estivesse em algum lugar com ela agora. – Sussurrei. – Você poderia até ter me salvo porque você é um bom homem, mas não teria me amado.
– Por que você diz isso, minha menina? – Acalântis me perguntou enquanto eu olhava fixo para Patrick e meus olhos brilhavam negro, como os dele. Ele não dizia nada.
– Por que eu não sou nada, não tenho nada em mim que possa atraí-lo, Acalântis. – Disse soluçando. – Nada além de uma estrela no meu peito.
– Isso não é verdade. – Patrick sussurrou segurando meu rosto entre suas mãos. – Eu amo aquela que me protegeu em Búzios quando descobriu que algo pudesse chamar atenção para mim. Você nem sabia do que se tratava, mas mesmo assim fez e apenas dois dias depois de me conhecer. Amo aquela que ficou horas cuidando de mim quando apaguei por causa do café. A que foi maravilhosa e deu ordens para que os protetores fizessem tudo que ela mandou. Amo aquela que se colocou na minha frente na praia, colocando a vida em risco para proteger a minha quando aquele mortal pensou realmente em atirar em mim.
– Isso tudo aconteceu em terra? – Acalântis arfou.
– Sim. – Patrick confirmou, ainda olhando nos meus olhos.
– Eu te amo tanto. – Disse me abraçando a ele. – Eu faria tudo de novo.
– Pare com isso. Eu nunca amei essa que diziam que seria a minha prometida. – Patrick disse.
– Não! – Gritei e um raio caiu na montanha atrás da casa. Tapei meus ouvidos, não queria ouvir aquilo sair da boca de Patrick e ele me abraçou forte.
– Minha querida. – Acalântis disse e acariciou meus cabelos. – Eu te entendo. Se ouvisse Acrísio dizer que um dia houve uma prometida para ele eu também sofreria, mas ele só quer dizer que nada daquilo é verdade. Foi apenas uma história que começou com uma conversa entre amigas, uma história que tomou proporções que ninguém esperou.
– Eu sempre amei você, Pam. – Patrick sussurrou. – Desde o primeiro dia em que te vi.
– Mas por causa da estrela. – Disse olhando para ele.
– Lembra-se do que te disse quando a nossa estrela brilhou junto pela primeira vez, mesmo quando eu não toquei em seu peito? – Ele me perguntou.
– Conforme o amor entre nós for crescendo, nossas luzes brilharão cada vez mais forte a cada centímetro que nos aproximarmos. – Repeti as palavras dele.
– Se eu não te amasse de verdade elas não brilhariam, minha vida. – Ele me disse, enxugando as minhas lágrimas.
– Mas...
– Meu amor nunca foi falso. – Ele disse respondendo aos meus pensamentos. – Ele não surgiu com o tempo, por causa das fotos ou por causa da estrela em seu peito. Se fosse não resistiria a treze anos de espera. Eu cansaria ou desistiria. Os obstáculos eram enormes. Você teve outros que tentaram te fazer feliz.
– Eu não sabia. – Disse.
– Ele nunca foi paciente, minha menina. – Acalântis me contou. – Só esperou todos esses anos porque realmente te ama.
– Não consigo tirar essa história da minha cabeça. – Disse sofrendo para eles. – Acho que ela virá um dia aqui reivindicar o que deveria ser dela... Você, Patrick.
– Eu nunca fui de ninguém como sou seu, meu amor. – Patrick prometeu e me abraçou.
– O tempo vai curar essa ferida, minha menina. Sei que ela está muito recente e está doendo, mas vai passar. E se um dia alguém ousar e vier a repetir aquelas coisas para você. – Ela disse e afastou os meus cabelos do meu rosto. – Mostre essa coroa em sua testa. Ela não está aí por que você se uniu à Piaso, mas porque ele se uniu a você.
– Não entendi. – Disse para ela.
– Ele só será, quer dizer... Ele só é o Rei de Águas porque você é a Rainha. – Acalântis me disse. – Não o contrário.
– Quer dizer que se ela se apaixonasse por outro Ser de Águas, ele seria o Rei? – Patrick perguntou e Acalântis assentiu. – Mesmo se ele fosse apenas um Ser de Águas e não como eu, imortal e neto de um Ancião?
– Isso te deixa triste? – Perguntei a Patrick.
– Não... Pelo contrário. – Patrick sorriu ao dizer. – Isso só mostra como nosso amor é verdadeiro. Porque você era a prometida, você seria a Rainha mesmo que não se unisse a mim. Na verdade, eu é que devia me cuidar para merecer o seu amor.
– Não seja ridículo. – Arfei.
– É verdade. Você é a Rainha disso tudo. – Patrick disse e gesticulou para o mar. Naquela hora vi que havia parado de chover. – Sou apenas o servo mais sortudo do mundo.
– Está mais calma, minha menina? – Acalântis me perguntou e eu assenti. – Fico muito feliz em ver a profundidade do amor de vocês. Nunca duvide disso.
– Me desculpe por essa cena. – Pedi a eles. – Não consegui me controlar.
– É tudo novo em você, e as emoções são muito intensas na nossa espécie. Você tem poucos dias nessa nova vida, é normal. – Acalântis me disse.
– Não sei com que cara vou descer. Acho melhor ficar por aqui mesmo. – Disse baixando minha cabeça.
– Não é necessário. Camiro quer falar com você. – Patrick me disse e fiquei com medo de tomar uma bronca por causa do meu comportamento, ou fazê-lo passar mais vergonha. – Isso aqui não é a escola, Pam.
Abraçada a Patrick, descemos para eu encarar meu sogro e o avô dele. Eu estava apavorada, com medo do que ia ouvir, não sabia o que esperar. Somente a presença de Patrick me dava forças.
– Está mais calma, minha Rainha? – Camiro me perguntou e fiquei confusa. – Sei que Acalântis te contou, ela estava ansiosa para que você soubesse. Por isso viemos aqui assim que soubemos do que havia acontecido.
– Não entendo como isso pode ter acontecido se eu era... Mortal. – Disse a ele quando Patrick fez com que eu me sentasse.
– São coisas do universo, minha Rainha. – Camiro me disse.
– Não me chame assim. O Senhor é um homem tão importante e sábio, eu sou apenas...
– A nossa Rainha. – Camiro completou. – Sei que é recente e você ainda não absorveu tudo nem aprendeu a controlar as suas emoções. Fazia anos que eu não via uma tempestade como a de ontem, e uma chuva repentina como essa que acabou de acontecer.
– Foi ela? – Patrick perguntou e Camiro assentiu.
– Apenas um dos dons de uma Rainha. – Camiro contou.
– Meu amor. – Patrick disse e me beijou. – Não me canso de dizer como você é maravilhosa, é incrível como as coisas funcionam com você.
– Eu fiz aquela tempestade de ontem? – Perguntei e Patrick assentiu.
– Lembra quando você teve aquele sonho no iate, um dia antes do sequestro? – Patrick perguntou e eu assenti. – Lembra como ventava? Pelo visto foi você que fez aquilo.
– Ela provocou uma tempestade antes de se unir a você aqui? – Acrísio perguntou a Patrick.
– Não uma tempestade, mas o mar ficou agitado e ventou bastante. E se eu tiver razão, isso aconteceu outras vezes, como no primeiro dia em que nadamos juntos depois de eu lhe dar o colar. – Patrick disse.
– O mar estava mais calmo. – Disse assustada. – Mas...
– Se eu fosse você, meu filho, andava na linha com a sua Rainha. Ela vai ser muito poderosa quando conseguir controlar todos os seus poderes. – Acrisio disse fazendo todos rirem, até mesmo eu.
– Como assim todos? Que poder? Do que vocês estão falando? – Perguntei confusa.
– Meu amor, você vai poder controlar muita coisa como fez ontem e hoje. Você fez chover, Pam. – Patrick me disse e beijou minha testa.
– Não é possível.
(...)